quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Navio Negreiro encontrado no litoral paulista.


CARCAÇA DE EMBARCAÇÃO ENCONTRADA NA ORLA DE CANANÉIA.

 

Destroços de uma embarcação foram encontrados por pescadores no Pereirinha, praia situada na extremidade norte da Ilha do Cardoso, em Cananéia, litoral sul paulista.
 
A informação traz algumas afirmativas interessantes. Os pescadores declaram que se trata de provável navio negreiro brasileiro que afundou dada a dificuldade da barra da baia de Trapandé. Isso se deu por volta de 1700 e haviam escravos na nave. 

A distância é pequena: cem metros da costa, mas, durante séculos, a areia do fundo do mar guardou uma das relíquias mais raras e mais vergonhosas da história. 

O navio foi encontrado queimado na praia. Um dos primeiros navios negreiro talvez brasileiro a buscar escravos na África. De lá, seguiria para Ilha do Bom Abrigo, onde os escravos seriam vendidos para os senhores na cidade de Cananéia e Paranaguá. 

Ilha do Bom Abrigo, na proximidade de Cananéia e bacia de Paranaguá “Um brigue todo negro”aportou ali em setembro 1833, com objetivo de reabastecimento, mas as autoridades suspeitavam de que o navio fazia contrabando de escravos em Cananéia e Paranaguá. Em 1850 um navio foi encontrado incendiado na ilha.

Tratava-se da barca Treno, construída no Estados Unidos e vendida para o Espirito Santo (ES) para Jose Rufino Gomes. O navio teve o nome mudado para Edemolda, foi despachado para o Rio de Janeiro e registrado como lembranças, destinado ao comercio no Rio Grande do Sul. Na verdade, a embarcação foi à África e trouxe africana, desembarcados na ilha Ilha Grande e em Mangaratiba (RJ) e na ilha do bom Abrigo. No processo na auditoria geral de Marinha colheram-se vários indícios do tráfico; varões de ferro nas escotilhas, grande quantidade de água, feijão e farinha, além de “uma porção de tangas já servidas (--) de que costumavam usar os negros novos”.   

O São José Paquete África tinha entre 400 e 500 escravos a bordo. Afundou em uma tempestade em 1794, depois de bater nas pedras.

O capitão português, toda a tripulação e 200 escravos se salvaram. Outros 212 escravos chegaram a ser tirados do navio. Mas como ainda estavam acorrentados, se afogaram. Os 200 escravos que sobreviveram foram depois vendidos.
 
As poucas peças que resistiram os pesquisadores vão usar  para recriar o fim dos navio e ilustrar a brutalidade que afetou mais de 12 milhões de africanos por quase três séculos e meio, logo depois da descoberta do Brasil, até os anos 1800.
 
A nota extraída do boletim Olho Vivo da Libres Brasil é um tanto confusa e desencontrada e numa plana traz a afirmação importante mas que depende de estudos e delicadas pesquisas.

O Papiro Eletrônico tentará acompanhar o desenvolvimento dessas pesquisas e as possíveis conclusões extraídas de técnicos abalizados.

 

Ruínas situada na zona continental de Cananéia, no Mandira, onde os negros fugidos ergueram um quilombo em pleno seio da Mata Atlântica.

 

Roberto J. Pugliese
Cidadão cananeense.
Autor de Direito das Coisas, Leud, 2005. 

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