CARCAÇA DE EMBARCAÇÃO ENCONTRADA NA ORLA
DE CANANÉIA.
Destroços de uma embarcação
foram encontrados por pescadores no Pereirinha, praia situada na extremidade norte
da Ilha do Cardoso, em Cananéia, litoral sul paulista.
A informação traz algumas
afirmativas interessantes. Os pescadores declaram que se trata de provável navio
negreiro brasileiro que afundou dada a dificuldade da barra da baia de
Trapandé. Isso se deu por volta de 1700 e haviam escravos na nave.
A distância é pequena: cem
metros da costa, mas, durante séculos, a areia do fundo do mar guardou uma das
relíquias mais raras e mais vergonhosas da história.
O navio foi encontrado
queimado na praia. Um dos primeiros navios negreiro talvez brasileiro a buscar
escravos na África. De lá, seguiria para Ilha do Bom Abrigo, onde os escravos
seriam vendidos para os senhores na cidade de Cananéia e Paranaguá.
Ilha do Bom Abrigo, na
proximidade de Cananéia e bacia de Paranaguá “Um brigue todo negro”aportou ali
em setembro 1833, com objetivo de reabastecimento, mas as autoridades
suspeitavam de que o navio fazia contrabando de escravos em Cananéia e Paranaguá.
Em 1850 um navio foi encontrado incendiado na ilha.
Tratava-se da barca Treno,
construída no Estados Unidos e vendida para o Espirito Santo (ES) para Jose
Rufino Gomes. O navio teve o nome mudado para Edemolda, foi despachado para o
Rio de Janeiro e registrado como lembranças, destinado ao comercio no Rio
Grande do Sul. Na verdade, a embarcação foi à África e trouxe africana,
desembarcados na ilha Ilha Grande e em Mangaratiba (RJ) e na ilha do bom
Abrigo. No processo na auditoria geral de Marinha colheram-se vários indícios
do tráfico; varões de ferro nas escotilhas, grande quantidade de água, feijão e
farinha, além de “uma porção de tangas já servidas (--) de que costumavam usar
os negros novos”.
O São José Paquete África
tinha entre 400 e 500 escravos a bordo. Afundou em uma tempestade em 1794, depois
de bater nas pedras.
O capitão português, toda a
tripulação e 200 escravos se salvaram. Outros 212 escravos chegaram a ser
tirados do navio. Mas como ainda estavam acorrentados, se afogaram. Os 200
escravos que sobreviveram foram depois vendidos.
As poucas peças que
resistiram os pesquisadores vão usar para recriar o fim dos navio e
ilustrar a brutalidade que afetou mais de 12 milhões de africanos por quase
três séculos e meio, logo depois da descoberta do Brasil, até os anos 1800.
A nota extraída do boletim
Olho Vivo da Libres Brasil é um tanto confusa e desencontrada e numa plana traz
a afirmação importante mas que depende de estudos e delicadas pesquisas.
O Papiro Eletrônico tentará
acompanhar o desenvolvimento dessas pesquisas e as possíveis conclusões
extraídas de técnicos abalizados.
Roberto J. Pugliese
Cidadão
cananeense.
Autor
de Direito das Coisas, Leud, 2005.
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